Redução da maioridade penal é aprovada na CCJ da Câmara

O texto segue para
análise de uma comissão especial a ser formada que pode demorar até 40 sessões
e terá de passar por duas votações no plenário da Câmara. “Ela (a PEC) visa
reduzir um direito individual, o que é expressamente proibido", afirmou
Couto, ao defender que a proposta deveria ser arquivada por alterar uma
cláusula imutável da Constituição de 1988. Ele também destacou a ineficácia da
medida para reduzir a violência.
Segundo dados do
Ministério da Justiça de 2011, menos de 1% dos homicídios foram cometidos por
menores de 18 anos. Do total de jovens que cumprem medidas socioeducativa, a
maioria cometeu que crimes patrimoniais como furto e roubo (43,7% do total) e
envolvimento com o tráfico de drogas (26,6%).
Desde o início da
sessão, PT, PSol e PCdoB usaram manobras regimentais a fim de impedir a
votação, mas foram vencidos. Eles tentaramsem sucesso evitar a inversão de
pauta para que o projeto fosse o primeiro item a ser discutido e retirar o tema
da pauta, além de promoverem obstrução, se revezando em discursos. De acordo
com eles, a mudança é inconstucional por querer alterar cláusulas imutáveis da
Constituição. Já parlamentares favoráveis se pronunciaram brevemente, a fim de
agilizar o debate.
O deputado Alessandro
Molon (PT-RJ), também destacou a inconstitucionalidade da medida. O partido
estuda enviar um mandado se segurança ao Supremo Tribunal Federal (STF) a fim
de evitar a tramitação da PEC. Ele lembrou ainda que o Estado da Criança e do
Adolescente (ECA) prevê sanções a menores infratores. “É possível que um adulto
fique menos tempo preso por um homicídio do que um adolescente que cometa o
mesmo crime”, afirmou.
Por outro lado, o
deputado Evandro Gussi (PV/SP) afirmou que não é unanimidade entre juristas o
entendimento da inconstitucionalidade. "Não há essa leitura apenas. Vamos
afastar essa ideia de que essa é uma cláusula pétrea" disse. O deputado
Giovani Cherini (PDT/RS) ressaltou que é preciso diminuir a certeza da
impunidade de adolescentes de 16 anos que cometem crimes.

A Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou um comunicado contrário à medida,
por considerar que ela viola direitos e garantias individuais. Outras
entidades, como o Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e dos
Adolescentes (Conanda), o Conselho Federal de Psicologia e Associação Nacional
dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (Anced) também se opõem à
medida. Eles argumentam que ela será ineficaz na redução da violência no país,
além de ir na contramão das recomendações internacionais.

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