TOCANTINS: Gravações revelam tentativas de atrapalhar investigação sobre morte de dono de posto
Para o Ministério Público, pessoas ligadas a Eduardo Pereira tentaram mudar depoimento de testemunha. Ex-presidente de sindicato é acusado de encomendar morte de Wenceslau Leobas.
Gravações telefônicas comprometem empresário Duda, suspeito de mandar matar dono de posto
|
A reportagem da TV Anhanguera teve acesso a gravações que comprometem Eduardo Augusto Rodrigues Pereira, o Duda, e suspostamente comprovam tentativas de atrapalhar as investigações sobre a morte do empresário Wenceslau Leobas. O ex-presidente do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Tocantins (Sindiposto) teve a prisão preventiva decretada nesta segunda-feira (10) e continua foragido.
Duda Pereira é acusado de ter encomendando o assassinato do empresário concorrente, Venceslau Leobas. Segundo o Ministério Público Estadual, pessoas ligadas a Eduardo Pereira estariam tentando convencer uma testemunha a mudar depoimentos.
Em uma das conversas um homem, que se apresenta como Dino, fala com uma mulher chamada Marilene, principal testemunha da acusação.
Dino - “O seguinte Marilene: quando eu te procurei lá naquele dia é porque eu te falei: eu tava [sic] na preocupação porque o rapaz é meu amigo e tal.”
Dino - E aí. No depoimento seu, acho que teve umas coisas lá que falou, que assim acabou incriminando ele, né? [sic].”
Marilene - “Hum. Hum.”
Dino - “E aí eu, na preocupação eu falei: não moço, eu vou procurar a Marilene, que a Marilene é amiga da minha esposa. Como você já havia vindo no salão e independente de qualquer coisa, vê se ela consegue [sic].”
Em um outro trecho, uma mulher que se apresenta como Selene sugere dinheiro para que a testemunha mude o depoimento.
Selene - “Você quer dinheiro?”
Marilene - “Não. Não quero dinheiro não. Tá doida.”
Marilene - “Como eu vou receber uma quantia de dinheiro sedo que, vamos supor, aí como é que eu vou me explicar?”
Selene - “Aí vc vai e conversa com advogado dele, ué [sic].”
Conforme o promotor de Justiça Abel Leal, as gravações demonstram indício de culpa de Eduardo Pereira. “Houve real e concreta tentativa de coaptação dela através de pessoas que se diziam mensageiros ou amigos do acusado, Eduardo, para que ela mudasse o depoimento dela em favor dele, mediante recebimento de dinheiro”
No pedido de prisão, o ministério público aponta que Duda Pereira tentou interferir nas investigações para incriminar outra pessoa: um sobrinho da vítima. Ainda segundo os promotores, para isso ele estava disposto a pagar cerca de R$ 300 mil.
Para isso contou com apoio de um agente penitenciário, da Casa de Prisão Provisória de Palmas, onde estavam presos dois executores da morte do empresário de Porto Nacional. "Inclusive um dos executores, o Alan, relata esse fato. Que dentro do presídio ele presenciou essa tratativa dentro do presídio", disse o promotor.
Denúncia
De acordo com a denúncia feita pelo Ministério Público, Wenceslau Leobas, pretendia abrir um estabelecimento em Palmas. A intenção era praticar os mesmos preços do combustível vendido em Porto Nacional. Segundo a promotoria, estes valores são abaixo do que é praticado na capital.
Eduardo Pereira teria procurado a vítima para propor um esquema de alinhamento de preços para anular a concorrência e aumentar a margem de lucro, mas o empresário teria rejeitado a proposta.
Para os promotores, este foi o motivo que levou Pereira a encomendar a morte de Wenceslau.
Outro lado
A defesa do empresário Eduardo Pereira disse nesta segunda-feira (10), em nota, que desconhecia a informação de que Eduardo Pereira tenha intimidado testemunhas ou praticado qualquer outro ato que justifique a medida extrema da prisão provisória.
Disse ainda que "não havia medida judicial alguma que restringisse o direito de o acusado se afastar da cidade onde reside. A defesa esclarece que Eduardo Pereira não irá obstar a aplicação da lei, e cumprirá a determinação judicial; sua defesa, entretanto, pretende adotar as providências cabíveis na busca de reverter o decreto de prisão", diz o documento.
Procurada novamente nesta terça-feira (11), a defesa do empresário disse que prefere não se manifestar.
A Secretaria de Cidadania e Justiça informou que o servidor suspeito de envolvimento no caso foi afastado.
O crime
Wenceslau Leobas, morreu aos 77 anos, no dia 14 de fevereiro após ficar 17 dias internado. Ele foi baleado em Porto Nacional no dia 28 de janeiro, no momento em que saía de casa para trabalhar. No mesmo dia da tentativa de homicídio, dois suspeitos foram presos. A polícia disse que um deles chegou a confessar a participação no crime.
Os dois acusados de executar o crime Alan Sales Borges e José Marcos de Lima iriam a júri popular, mas José Marcos foi encontrado morto dentro da Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPPP) na manhã do dia 3 de março deste ano.
No mês de junho do ano passado, o juiz aceitou a denúncia contra Duda. Ele é acusado de ser o mandante do crime. Segundo o promotor Abel, o processo contra o Duda corre separadamente. A audiência de julgamento dele já estava marcada para o mês de maio. Na época, Duda disse que estava sendo acusado injustamente. Gravações telefônicas comprometem empresário suspeito de mandar matar dono de posto
Nenhum comentário: