Lava Jato já tem R$ 15 bilhões de dívidas na Justiça
O endividamento e a
dificuldade financeira das empresas envolvidas na Operação Lava Jato ou
listadas pela Petrobras em formação de cartel começam a aparecer com mais
clareza nos processos de recuperação judicial que estão chegando à Justiça.
Pelo menos cinco empresas já somam R$ 15 bilhões em reestruturação de dívidas.
Esse valor pode praticamente dobrar com a expectativa de que, em breve, a
Schahin Óleo e Gás, com dívida de US$ 4,5 bilhões (R$ 14 bilhões, pelo câmbio
de quinta-feira, 2), também peça recuperação judicial.
Entre os advogados de
credores ou devedores, de dez diferentes bancas de advocacia, ouvidas pelo
jornal O Estado de S. Paulo, é praticamente unânime a percepção de que a lista
bilionária não vai parar de aumentar tão cedo. Os processos, dizem, tendem a se
alastrar para outros grupos, como estaleiros e até redes de postos de gasolina.
Esse cenário pessimista se deve ao fato de que o mercado de crédito se fechou
ou encareceu abruptamente para as empresas ligadas às investigações. Na medida
em que as dívidas dessas companhias estão vencendo, o desequilíbrio do fluxo de
caixa vai ficando mais evidente e a opção da recuperação judicial, mais
atraente.
Até agora, entre as
empresas de alguma forma envolvidas na Lava Jato, recorreram à recuperação
judicial as construtoras OAS, com dívida de R$ 8 bilhões, Galvão Engenharia (R$
1,6 bilhão) e Alumini Engenharia (R$ 1 bilhão) e as fornecedoras de
equipamentos Iesa (R$ 3,5 bilhões), do grupo Inepar, e Jaraguá Equipamentos (R$
700 milhões). A expectativa é de que o grupo Schahin também decida em breve
sobre um pedido de recuperação. A construtora e a holding estão deficitárias. A
empresa de óleo e gás tem um fluxo grande de receitas no longo prazo, mas para
este ano o descasamento entre receita e dívida está em US$ 1 bilhão.
O último pedido foi
registrado pela Justiça paulista na semana passada pelo grupo OAS, e já figura
entre as maiores recuperações do País. A via judicial deve facilitar a venda de
ativos do grupo, pois tira risco de sucessão de dívidas para potenciais
compradores. Também na recuperação da Galvão a venda de ativos pode ser uma
saída. A empresa tem concessões de rodovias e saneamento que interessam a
investidores. Para Ivo Waisberg, do CWTP Sociedade de Advogados, esta é uma
oportunidade para compradores de ativos, que podem comprar sem risco de
sucessão de dívidas.
Dinheiro
novo
No atual cenário de
escassez financeira, os grupos que não tiverem ativos para vender podem acabar
em falência. Gláucia Coelho, do escritório Machado Meyer, diz que qualquer
processo de recuperação requer obrigatoriamente dinheiro novo, seja por novos
financiamentos ou pela venda de ativos.
Os novos
financiamentos ficam mais limitados com o cenário de escassez de crédito. Mas,
além disso, como lembra o sócio da Deloitte, que atua como administradora
judicial em 50 processos, os bancos fogem desse tipo de crédito, pois a cada
real emprestado é preciso provisionar um real no balanço.
O advogado Thomas
Felsberg diz que há uma dificuldade extra no caso de recuperação de empresas
envolvidas na Lava Jato: as multas que podem ser aplicadas em função das
denúncias de corrupção ou cartel.
A depender do valor, a recuperação fica
completamente inviabilizada. Felsberg está à frente da recuperação da Iesa. Boa
parte da dívida de R$ 3,5 bilhões da empresa já foi renegociada com a entrada
da companhia no programa de refinanciamento da Receita Federal. As informações
são do jornal O Estado de S. Paulo.
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