Roberto Rocha: Sopa de Letras
Em
todas as democracias o papel do sistema partidário é dar equilíbrio ao sistema
político. Nesse sentido, é salutar que os partidos expressem o conjunto de
opiniões que constituem a vitalidade da Nação.

Roberto
Rocha critica proliferação de partidos
No
Brasil, infelizmente, essa não tem sido a realidade. Já temos hoje 32 partidos
constituídos e mais de 40 estão na fila, aguardando a aprovação dos tribunais.
Além desses, outros tantos estão em processo de coleta de assinaturas.
Que
dizer do Partido dos Estudantes (PE), ou do Partido Carismático Social (PCS),
ou ainda do Partido Nacional Corinthiano (PNC), todos em fase de formação? Já
há casos de duplicação de siglas, tal a sopa de letras que se formou desde que
a legislação, de forma permissiva, destinou 5% do fundo partidário para ser
distribuído entre todas as agremiações, ainda que elas não tenham conquistado
um único voto nas urnas. O montante de recursos chega a até 800 mil reais
anuais, bastando para isso que o partido tenha estatuto registrado no TSE.
Investi
em meu primeiro projeto de lei (PL 23/15) como senador da República para buscar
disciplinar essa situação que se tornou uma verdadeira “farra”, segundo recente
editorial do jornal O Estado de São Paulo (9/fev). Meu objetivo é impedir a
ciranda de migração de parlamentares que acontece após as eleições, na
contramão da compreensão dos tribunais superiores de que o mandato eletivo, em
nosso regime constitucional, pertence ao partido ao qual é filiado o eleito.

Com
isso deixa-se ao eleitor fazer o julgamento do político, suas razões e
motivações, ao permitir a mudança partidária apenas a um ano das eleições de
renovação de mandato.
Essa
regra simples seria suficiente para evitar o cenário atual em que partidos sem
doutrina, sem ideário, sem base social e sem voto são criados apenas para se
consorciar ao poder, atraindo políticos e traindo a política, que deveria se
dar no nobre território das ideias.
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