Maioria da comissão da reforma política quer o fim da reeleição
Enquete mostra opinião de
deputados do colegiado da Câmara que vai discutir possíveis mudanças nas regras
eleitorais.
Dos
34 deputados titulares integrantes da recém-instalada comissão especial sobre a
reforma política, pelo menos 23 são favoráveis ao fim da reeleição do
presidente da República, dos governadores e dos prefeitos. A maioria (22)
também é favorável à coincidência da data das eleições, conforme enquete
realizada pela Agência Câmara, que mostra a tendência anterior ao início dos
debates da comissão. Responderam ao questionário 28 dos 34 membros titulares.
Confira o resultado
completo da enquete: O
fim da reeleição e a coincidência das eleições municipais com as eleições
estaduais e federal a partir de 2018 estão previstos na Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 352/13, que será a base do início dos debates da comissão
especial. “Acredito que o fim da reeleição é um ponto de convergência de quase
todos os parlamentares”, opina o deputado Victor Mendes (PV-MA).
O
deputado Henrique Fontana (PT-RS), que foi relator da reforma política na
legislatura passada, destaca que só é a favor do fim da reeleição se forem
instituídos mandatos mais longos, de cinco anos. Sobre a coincidência das
eleições, Fontana observa que é a favor de que todos os pleitos sejam
realizados no mesmo ano, mas não no mesmo dia. “Por exemplo, as eleições
municipais poderiam ocorrer no início de agosto, e no início de outubro poderia
haver a eleição presidencial”, afirma.
Eleições 2014: A proposta de adoção do
voto facultativo foi rejeitada por 15 deputados, mais da metade dos
entrevistados.
Favoráveis
ao fim da reeleição, o líder do Solidariedade, Arthur Maia (BA), e os deputados
Benito Gama (PTB-BA) e Milton Monti (PR-SP) também defendem mandatos mais
longos, de cinco anos. Monti é a favor da realização de eleições em uma data
única: “Desse modo, certamente teríamos possibilidades de desenvolver um
trabalho melhor, seria mais útil para o Brasil. Hoje, na época da eleição, o
governo e o Congresso Nacional param, as forças políticas acabam se voltando
para as campanhas.”
O
deputado Antonio Bulhões (PRB-SP), por sua vez, é contra o fim da reeleição.
Coincidência das eleições:
Os
deputados Chico Alencar (Psol-RJ), Esperidião Amin (PP-SC), Indio da Costa
(PSD-RJ) e Valtenir Pereira (Pros-MT), por exemplo, são contra a coincidência
das eleições. “A eleição de dois em dois anos é importante porque o debate é
frequente”, argumenta Pereira. “Acho saudável, apenas separando as datas da
eleição para cargos do Poder Executivo e para o Parlamento.”
Na
visão do deputado do Pros, da forma como é hoje – eleições para o Congresso
Nacional e para presidente e governadores na mesma data –, “os legislativos são
coadjuvantes em suas propostas” e “o protagonismo fica com os cargos do
Executivo”.
Já
o deputado Rubens Otoni (PT-GO) acredita que esses dois pontos – fim da reeleição
e coincidência das eleições – são temas menores na discussão da reforma
política. “Tenho abertura para discutir essas propostas, desde que o debate
inclua temas mais importantes e estruturantes, como o financiamento das
campanhas”, ressalta.
Fim do voto obrigatório: A PEC 352/13, apresentada
por um grupo de trabalho da Câmara, também prevê o fim do voto obrigatório,
instituindo o voto facultativo. Esse ponto é rejeitado por 15 integrantes da
comissão especial, como os petistas Rubens Otoni e Henrique Fontana; os
deputados do PP Espiridião Amin e Renato Molling (RS); e Marcelo Castro
(PMDB-PI), que acreditam que o voto deve continuar sendo uma obrigação do
cidadão.
“Por
enquanto, o País não está preparado para o voto facultativo; ainda precisamos
melhorar o ensino, a nossa cultura”, argumenta Molling. “O voto obrigatório
ainda faz parte de mecanismos importantes para fortalecer a democracia, a
participação popular no debate das propostas”, reitera Otoni.
Enquanto
deputados como Marcus Pestana (PSDB-MG), Silvio Torres (PSDB-SP), Leonardo
Picciani (PMDB-RJ) e Moema Gramacho (PT-BA) são a favor do voto facultativo,
outros têm dúvida em relação a esse ponto da proposta, como Benito Gama
(PTB-BA), Chico Alencar e Tadeu Alencar (PSB-PE). “A discussão ainda merece um
aprofundamento”, opina Tadeu Alencar.
Já
o deputado Edmar Arruda (PSC-PR) é favorável ao fim do voto obrigatório, mas
não para a próxima eleição, apenas a partir de 2020 ou 2022.
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